Cicloturismo: uma viagem que pode mudar sua vida
Cicloturismo ou cicloviagem nada mais é que viajar em cima de uma bicicleta ou usar a bicicleta durante uma viagem. Simples
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A cicloviagem é a forma mais sincera de conhecer não somente o destino onde você pretende chegar, mas sim o caminho todo, que acaba sendo muito mais inesperado, cheio de desafios e de boas experiências. Viajando de bicicleta você vai no seu próprio ritmo, mas quem manda são as necessidades do seu corpo e as condições do clima. A nossa relação com a natureza muda, a gente sente na pele o sol queimando, a chuva, o vento frio cortando os lábios, a sujeira, o suor.
Mas ao invés de nos sentirmos expostos ou desprotegidos começamos a nos entender como parte de tudo aquilo, aprendendo quais são nossos limites, confiando no acaso, acreditando que aquele é o último morro, que vamos achar um lugar tranquilo pra acampar e uma barraquinha de caldo de cana na próxima esquina num dia de muito sol e calor. Claro que nunca é assim, mas a cada pedalada as coisas mudam. Viajar de bicicleta é uma grande e gostosa surpresa.
Para mim, uma cicloviagem é a oportunidade de descobrir, profunda e verdadeiramente, dois mundos: o exterior e o interior. Não há como viajar de bicicleta sem, consequentemente, aprofundar-se em uma maravilhosa experiência com as culturas desse mundo, e com a pessoa que existe dentro da gente.
Viajar de bicicleta é entender o quão pequenos somos e o quão imensa é a vida. Com o coração aberto, nos deixamos levar por uma energia incrível que nos guia, colocando-nos sempre frente a pessoa certa, na hora e local perfeitos, sempre dispostos a nos ajudar…basta acreditar.
Quando eu sonhei em viajar e comecei minha viagem eu não sabia o significado. Se eu disser que já sabia estaria mentindo. Eu queria é conhecer o mundo e viver um pouco. Pelo relato de outras pessoas eu imaginava que seria positivo pra mim.
Apesar de ter sido meio dolorido (ou doloroso) no começo, tanto por causa de abandonar minha rotina diária, como também pela fratura no segundo dia, com o tempo fui aprendendo o motivo disso tudo e a estrada é a melhor escola.
Hoje sei o significado. Pra mim, mais que conhecer lugares eu acabei conhecendo gente. Isso foi marcante! E pude me encontrar também. Então acho que posso resumir com uma palavra “humanidades”… ou tudo que é humano!
Cicloviagem para a gente é uma das maneiras mais interessantes de se viajar. Porque faz você conhecer cada trechinho do caminho e a bike te leva a lugares que nenhum outro meio de transporte motorizado te leva.
Por causa da velocidade baixa da bike, você pode escutar as coisas ao redor, sentir os cheiros dos ambientes e observar tudo o que acontece no trajeto. Sem contar que as pessoas ficam muito curiosas e com isso se aproximam e tentam contato. E conquistar cada país com a força das suas pernas, é uma sensação incrível.
Fazer uma cicloviagem é fazer um auto conhecimento é ir ao desconhecido se conhecendo e conhecendo o mundo, e a cada pedalada se descobre algo novo, conhecendo lugares pessoas animais, aprendendo com o todo.
Uma cicloviagem é ser livre, livre para amar, livre para pedalar, livre para voar, para encontrar e reencontrar.
Tentarei explicar minha visão bastante pessoal dessa atividade ultra agradável, saudável e praticada cada dia por mais e mais pessoas. Minha vivência não é de esporte nem de turismo. Comigo aconteceu de uma maneira um tanto diferente à maioria. Vinha de um período de mais de 20 sofrendo de depressão intensa, profunda, que me prejudicou imensamente, quase dei cabo da vida. Em 2013, aos 61 anos de idade, procurava uma saída para o círculo vicioso que vivia, nunca saindo do lugar. A leitura de alguns aventureiros em bicicleta me despertou. Sempre pedalei, desde criança, exceto de 1997 a 2012, quando vivi de maneira bem sedentária mesmo.
Saí disposto a pedalar pelo Estado de São Paulo (sou paulista mas vivo em Brasília-DF desde 1970). A escolha se deu por razão afetiva e prática. Calculei que pedalar por estradas paulistas, onde se tem cidades a cada 20, 30 kms, dificilmente ficaria à noite na estrada, uma segurança. Meu estilo não é de aventureiro completo, pois fico em hotéis e pousadas de baixo custo. Faço questão de um mínimo de conforto na hora de dormir, ainda que tenha dormido em postos de estrada, mesmo sem uma cama… Outra peculiaridade de meu Cicloturismo é a de pedalar preferentemente por asfalto, estradas principais. Sinto mais seguro assim. Além de que pedalar semanas ou meses só por estradas de terra se torna muito cansativo e fica bem difícil manter a higiene pessoal como os alforjes e demais bolsas limpos. Apesar disso, tenho planejado uma viagem até o Chile, quando esses incômodos farão parte da viagem por dias…
O cicloturismo exige ritmo lento. Assim, pedalo em torno de 60 km por dia. O alcance de minhas pedaladas se restringe quase que somente o Estado paulista, pretendo conhecer todos os 645 municípios. Dessa forma, fico prejudicado por não conhecer lugares lindos, com cachoeiras principalmente (um dos maiores alvos do cicloturismo). Apenas passo pelas cidades, registro com fotos, converso com algumas pessoas, às vezes fico mais de um dia, dependendo dos atrativos do local. Seleciono minhas rotas geralmente ligado a fatos de nossa História, quando então extrapola os limites das terras paulista. Assim fui de Brasília a Laguna-SC, seguindo o Meridiano de Tordesilhas. Outro projeto em organização é a Rota dos Tropeiros dos Muares, indo de Sorocaba-SP a Viamão-RS.
Pedalar se tornou necessidade para mim. Encostei o automóvel no meu dia a dia, só o utilizando quando não for possível mesmo. Se fico muito tempo (mais de 3 meses) sem uma cicloviagem, me torno ansioso ao extremo. Então, me posiciono, dentro do cicloturismo, um estilo ímpar: nem o cicloturismo selvagem, nem o cicloturismo social, digamos assim, que segue roteiros preparados e executados por empresas especializadas, com toda estrutura logística.
Para nós a viagem de bicicleta possui ingredientes que a transformam na maneira mais completa e eficiente de se conhecer o mundo. O fato de nos movermos lentamente e com nosso próprio esforço potencializa nossa percepção do ambiente, da cultura de um lugar, favorece as relações com as pessoas pelo caminho e pode até transformar o modo como compreendemos nosso corpo, nossa mente e nossa própria cultura.
Pra mim o cicloturismo é muito mais que uma simples viagem com a bicicleta. Pra mim é uma forma de viajar, de conhecer, mas principalmente de se sentir parte de tudo que se vê. E o cicloturismo proporciona a viagem no tempo certo, nem tão rápida, nem tão devagar. Apenas no tempo certo de ver as coisas como elas são. Um animal no caminho, um nascer ou pôr do sol incrível, o calor escaldante ou o frio congelante.
A natureza viaja com você, ela muitas vezes dita o seu ritmo. Essa interação com a natureza e com as pessoas é realmente incrível, você tem a real dimensão das coisas. O contato com a realidade local também é sentido na pele e só o fato de ter uma bicicleta com você já te abre muitas portas, as pessoas se sensibilizam porque isso tudo é algo como um sonho de muitas pessoas e elas veem em você a realização disso. É muito gratificante.